Confinamento e Consequências

Quando surgiu o coronavírus na China, estávamos longe de pensar quão grande iria ser o seu impacto.

Este vírus, ao obrigar-nos a um confinamento, provocou transformações profundas em todas as dimensões das nossas vidas – social, profissional, familiar, económica. De repente, a nossa vida fica em suspenso.

Naturalmente, que a pandemia foi planetária, mas nós, com uma economia mais frágil, a sair recentemente de uma grave crise económica, não podia de nos deixar a todos deveras apreensivos.

A incerteza de perder o emprego, a redução efetiva do valor auferido mensalmente, e noutros casos ainda a perda do seu já frágil emprego, promovem uma instabilidade emocional. Esta frustração, esta impotência de nada poder fazer, são muitas vezes gatilhos que conduzem a elevados níveis de stress, de ansiedade ou mesmo de depressão.

Igualmente vulneráveis, ficaram também as famílias, que não estavam preparadas para estar restritas às suas casas 24 sobre 24 horas. A socialização entre os elementos da família, com o confinamento, ficou mais difícil. E o que poderia parecer uma oportunidade para poder arrumar esta ou aquela gaveta, ou reparar um qualquer eletrodoméstico, há muito a precisar de uma nesga de tempo para o fazer, ou tão só aproveitar para descansar, acabava por não surtir os objetivos desejados.

E agora? Agora ainda não alcançámos o outro lado da “ponte”. E do outro lado o que nos espera?  Não sabemos. E essa incerteza deixa-nos desconfortáveis, desprotegidos.

Somos seres sociáveis.  Precisamos rir, falar, abraçar… Viver. Precisamos dos afetos, precisamos do outro. Fomos privados da liberdade de exprimir os nossos afetos, com os nossos amigos, com os nossos familiares, com os nossos colegas. Fomos privados, na grande maioria de nós, de viver segundo os padrões económicos anteriores à pandemia. E a situação avizinha-se incerta.

Precisamos de tempo. De tempo para que tudo isto passe, e possamos respirar de novo a Vida, em toda a sua plenitude e segurança. E se até lá precisarmos de apoio psicológico, não devemos hesitar em pedir ajuda. Ao contrário do que possa parecer, não será um ato de fraqueza, mas um ato de coragem.

Até lá fica-nos a advertência, o alerta, de que o planeta Terra precisa que mudemos os nossos hábitos, que adotemos uma vida mais saudável, e mais responsável por ele.